Origens:

Nossa história começa com a concessão da sesmaria de N° 184, de 10 de junho de 1722. Esta foi concedida a personagens importantes da época: o sargento-mor Manoel Marques de Souza, Serafim de Souza Marques e Francisco Soares, pelo então Governo do Estado da Paraíba, Sr. João de Abreu Castelo Branco, haja visto que este território pertencia a Paraíba. Assim, temos o primeiro registro histórico de Ouro Branco.

É, indiscutivelmente, a prova do marco inicial para ocorrer o povoamento. Em seguida, neste local, se deu a implantação da "Fazenda do Espírito Santo" com a "Casa da Fazenda" e da "Casa de Oração" ou "Oratório do Espírito Santo", local onde eram celebradas Missas, Casamentos e Batizados, e para onde se concentravam as visita pastorais como a realizada pelo Padre Guerra, em 1805.

Em 07 de novembro de 1752, o Capitão Antônio Brandão de Lima, endereçou nesta data, uma carta, sendo ele, nesse período, o proprietário da referida Fazenda Espírito Santo, pedindo a provisão ao Rei de Portugal para que o Ouvidor Geral da Paraíba pudesse fazer a demarcação da fazenda Espirito Santo, na Ribeira do Seridó. Como justificativa para a solicitação do ato, ele diz que é criador de gado, mas está sendo prejudicado nas extremas da propriedade pelos herdeiros de Francisco Fernandes. E para evitar dúvidas e contendas, pede a demarcação do território onde estava localizada a fazenda, com uma légua e meia de comprimento, por uma légua de largura. Posteriormente a fazenda retornou ao filho de Serafim de Sousa Marques.

Dom Adelino Dantas, segundo Bispo da Diocese de Caicó, relata em seu livro "Homens e Fatos do Seridó Antigo", que nas primeiras décadas de 1800 surgiu a questão de limites entre o Estado do Rio Grande do Norte e o Estado da Paraíba, e essa contenda era de interesse, sobretudo, do Seridó. Tudo foi em decorrência da criação da Vila do Príncipe, em 31 de julho de 1788.

Em 1831, o Parlamento Nacional transforma em Lei uma proposta do Padre Guerra, estabelecendo os limites da Vila Nova do Príncipe. Três anos mais tarde, a Assembleia Legislativa da Paraíba representa à Câmara Nacional contra essa lei. As bancadas das duas Províncias se mobilizaram e, por fim, venceu a Justiça, em decorrência do prestígio do Padre Guerra, ficando a vitória para o Rio Grande do Norte.

Após esta sequência de fatos, faz-se necessário retroceder um pouco na cronologia para melhor entendimento da história, por ser extremamente significativo ressaltar a adequação das datas:

 Em 1748 era desmembrada da freguesia do Bom Sucesso do Piancó a nossa freguesia da Senhora Santa Ana do Seridó. Esse limite ficou bastante extenso porque, além do Seridó, incluíram-se os territórios dos futuros fregueses dos Patos, Santa Luzia, capela de Pedra Lavrada, Picuí e Cuité.

Em 10 de julho de 1788, o Bispo de Olinda, Dom Frei Diogo de Jesus Jardim, criava a freguesia de Nossa Senhora da Guia dos Patos, desmembrando-a da de Santa Ana do Seridó. Logo depois, o primeiro vigário de Patos, o Pe. Manuel Rodrigues Xavier, muito conhecido, aliás em Caicó, tomou conhecimento da área da sua freguesia. Inclusive os moradores do Espírito Santo estavam incluídos e não concordaram.

Em setembro de 1790, esses moradores do Espírito Santo remetiam ao Bispo de Olinda um requerimento, no qual contestavam as informações do vigário do Patos, suplicando permanecer com a Nova Vila do Príncipe. Vale acrescentar que o povoado de Ouro Branco contribuiu para se estabelecer os limites entre os dois Estados, onde o padre Guerra, Senador, foi o autor do desligamento do nosso torrão com a Paraíba. 

Portanto, entende-se que após as exposições apresentadas, estão elucidadas, com clareza e com robustas provas documentais, todas as controvérsias inerentes à Fundação do Espírito Santo, hoje Ouro Branco, sendo que, o registro episcopal pelo Bispo de Olinda-PE, referente ao recebimento da solicitação dos suplicantes para permanecerem na freguesia de Santa Ana e o seu despacho "incisivo e inapelável", ficou reconhecido oficialmente que esta data oficializa a fundação de Ouro Branco, em 28 de setembro de 1790, conforme a representação de Serafim de Sousa Marques e Antônio Carvalho de Aguiar.

Acrescenta-se ainda que, a criação do Distrito em 03 de outubro de 1862, se trata de uma peça importante nesse contexto, corroborando com o fato de que no Espírito Santo já havia povoado nessa época.

Religiosidade:

Por volta de 1917, fez-se essencial a construção de uma capela, ao redor da qual iam se aglomerando as moradas dos habitantes, o que viria a se formar posteriormente a cidade. O terreno para a construção da Capela fora doado pelo casal Maria Florinda da Conceição e João Melquíades de Oliveira. A bênção da pedra fundamental foi proferida pelo Monsenhor Francisco Severiano de Figueiredo, em 21 de dezembro de 1916.

A construção da Capela se deu em regime de mutirão, sendo o Tenente Manoel Cirilo, filho de um dos fundadores do município, o coordenador dos trabalhos. A construção da Capela, assim, representou a institucionalização do Catolicismo oficial, compondo-se uma rede cultural religiosa e instituindo-se, através da rede formal e informal, a mentalidade do ouro-branquense.

As missas, casamentos e batizados, que antes eram celebrados em uma grande latada erguida dentro do cemitério ou em casas particulares, passaram a ser celebrados na Capela. Antes disso, porém, já existia a "Casa da Oração", onde os moradores prestavam homenagens aos seus santos e santas. Devido ao fato de esta casa situar-se do outro lado do Rio Quipauá, em anos de inverno dificultava-se o acesso a esta, daí a necessidade de se trazer o local sagrado de ritos e celebrações para o lado onde se construía a futura cidade.

Contam os mais velhos que a Festa do Padroeiro, o Divino Espírito Santo, era realizada, assim como nos dias atuais, em Outubro, encerrando-se no dia 04, dia do Co-Padroeiro, São Francisco de Assis, devido ao fato de que era tempo da apanha (colheita), beneficiamento e comercialização do algodão, abundante na região. Era época em que podiam ter dinheiro para comprar roupas novas, ofertar a Deus o fruto de seu trabalho, além de propiciar a confraternização com familiares e amigos depois das novenas e missas. A Festa do Padroeiro deveria, seguindo o calendário cristão, ser realizada de Maio para Junho, quando ocorre a Solene Celebração de Pentecostes.

Política:

Em 1934, através do decreto estadual nº 11, de 11/10/1934,  foi criado o Distrito de Ouro Branco, que deixava a condição de povoado, recebendo tal nome em alusão ao algodão, produto dominante na região. O distrito era subordinado ao município de Jardim do Seridó.

Com o decreto-lei estadual nº 268, de 31/12/1943, o distrito de Ouro Branco passou a chamar-se Manairama.

Finalmente, com a lei estadual nº 146, de 23/12/1948, o distrito de Manairama volta a denominar-se Ouro Branco.

Elevado à categoria de município com referida denominação, pela lei estadual nº 907, de 21/11/1953, acompanhou-se o seu desmembramento de Jardim do Seridó, instalando-se oficialmente em 1º/01/1954.

Em 1953, como se vê, dava-se a Emancipação Política de Ouro Branco, depois de tentativas e resistências na Assembléia Legislativa e no próprio município. Luiz Basilisso, morador da localidade, conhecido popularmente como um “curandeiro”, junto ao Deputado Estadual João Guimarães, conseguiu levar à frente o projeto emancipacionista, sendo considerado por historiadores locais como patrono da Emancipação.

A primeira eleição municipal ocorreu em 1954, sendo disputada por dois partidos: a UDN, que tinha como candidato Luiz Basilisso, mediador e condutor do processo de emancipação, e o PSD, representado pelo senhor Manoel Nogueira do Nascimento, ligado à influente família dos Medeiros, de Jardim do Seridó. O candidato de melhor aceitação popular, segundo a história local, era o primeiro. Porém, venceu o segundo. Este assumiu o poder em 1º de Fevereiro de 1955, e governou até 31 de Janeiro de 1959.

Quadro Sinótico dos Prefeitos que governaram o município de Ouro Branco-RN, desde a sua emancipação política (1953):                          

                                                                                                                        

Fotos Prefeitos


Origem do nome "OURO BRANCO":

Em 1918, diante da possibilidade de mudanças no nome do povoado Espírito Santo, considerando assim, a importante presença da cotonicultura na economia do município, foi apresentada por Abdon Nóbrega a proposta de um novo nome – Ouro Branco – que correspondendo ao sinônimo literário do algodão mocó (Gossypim purpurascenspion), simbolizaria a riqueza da terra. A mudança de nome foi homologada por lei em 1920. Entre 1944 e 1948, a Vila recebe um novo nome – Manairama – simbolizando ainda a riqueza e abundância do algodão no lugar. A mudança de nome não conseguiu obter aprovação popular.  

Composta por uma população de 4.334 habitantes no ano de 1950, e dependendo politicamente da Vila independente de Jardim do Seridó, a Vila de Ouro Branco representada por uma pequena parte de sua população, ao lado da significante presença do Sr. Luiz Basilisso, consolida os primeiros passos na luta por emancipação.

Luiz Basilisso, mesmo considerado forasteiro, por ser natural da cidade de Santana do Mato (RN) e conhecido por “curandeiro” por medicar os doentes com seus remédios homeopáticos, ingressou ativamente na política do município. Como mediador do processo de emancipação política, buscou apoio no Deputado Estadual João Guimarães, considerado patrono do Projeto de Criação do município. Este projeto ficou conhecido por encontrar resistências dentro da Assembléia Legislativa e dentro do próprio município.

No dia 1º de Janeiro de 1954, no edifício do Grupo Escolar local, na cidade de Ouro Branco do Estado do Rio Grande do Norte, sob a presidência do Sr. Cabo Francisco Pinheiro de Queiroz, subdelegado de polícia, na conformidade das constituições Federal e Estadual, com alteração da Lei nº 907 de 21 de Novembro de 1953, criou-se o município de Ouro Branco.